Desenvolvimento - WIF

Consumindo um STS diretamente

Neste artigo pudemos desvendar todo o procedimento que é reliazado internamente pelo WIF quando tentamos consumir um serviço WCF exige que a autenticação seja realizada por um STS.

por Israel Aéce



No artigo anterior eu mostrei como construir um serviço WCF que faz uso do WIF para terceirizar o processo de autenticação. Lá criamos um serviço de STS utilizando os recursos fornecidos pela própria API do WIF. Como havia dito anteriormente, este serviço especial fornecido pelo WIF, nada mais é que um serviço WCF, mas que expõe um conjunto de operações específicas para lidar com a autenticação de usuários.

Quando referenciamos o serviço em uma aplicação cliente, o arquivo de configuração já é montado com todas as entradas necessárias para que o WCF em conjunto com o WIF, façam todo o processo de autenticação, e depois disso, já podemos efetuar as chamadas para as operações que o serviço (relying party) fornece. Apesar de toda a mágica ser realizada internamente, podemos explicitamente consultar o serviço de STS, para que possamos solicitar a emissão, validação ou cancelamento de um token para um determinado usuário.

Como o serviço de STS é baseado em WCF, podemos utilizar a estrutura cliente do WCF para acessá-lo. Mas para facilitar ainda mais, a Microsoft criou uma versão específica dessa estrutura, expondo versões das mesmas classes, mas voltadas para o consumo de um serviço específico de STS. Internamente essas classes substituem o comportamento padrão, acoplando os recursos fornecidos pelo WIF. A finalidade deste artigo é mostrar o conjunto de classes que temos para efetuar essa comunicação.

A primeira classe que temos é a WSTrustChannelFactory. Essa classe é responsável por criar os famosos proxies que são utilizados pelos clientes para enviar as mensagens. Mas pelo prefixo ao nome desta classe, jé podemos perceber que ela gera toda a infraestrutura para a comunicação em cima do protocolo WS-Trust, qual já discutimos em artigos anteriores. Assim como em um serviço normal, em seu construtor precisamos informar o binding e o endereço para o serviço de STS.

Aqui entra em cena alguns novos bindings, que são utilizados exclusivamente para a comunicação com serviços de STS, e que fornecem configurações pertinentes à forma de autenticação que o usuário fará. Todos os bindings herdam da classe abstrata WSTrustBindingBase, e estão debaixo do namespace Microsoft.IdentityModel.Protocols.WSTrust.Bindings. Abaixo temos a lista com cada binding suportado e sua respectiva finalidade:

  • CertificateWSTrustBinding: Permite ao cliente apresentar um certificado para a autenticação.
  • IssuedTokenWSTrustBinding: Permite ao cliente apresentar um IssuedToken para a autenticação.
  • KerberosWSTrustBinding: Permite ao cliente apresentar um token Kerberos para a autenticação.
  • UserNameWSTrustBinding: Permite ao cliente apresentar um login e senha para a autenticação.
  • WindowsWSTrustBinding: Permite ao cliente utilizar as credenciais do Windows para a autenticação.

Depois do binding, temos que definir o certificado (chave pública) que utilizaremos. Essa chave será utilizada para proteger a mensagem de envio ao serviço de STS, garantindo que somente a chave privada correspondente consigará acessar a informação, e esta, por sua vez, estará de posse do STS. Em seguida temos a definição do nome do usuário e senha, que serão encaminhados para o serviço de STS, que serão utilizadas por ele para validar o usuário (UserNameSecurityTokenHandler).

Com a factory configurada, agora podemos recorrer ao método CreateChannel, que retornará o canal de comunicação configurado com o STS. Esse método retornará o proxy, que implementará o contrato IWSTrustChannelContract. Como podemos perceber, esse contrato disponibilizará os métodos para emissão, validação e cancelamento de tokens. O método que veremos aqui é o Issue, que recebe como parâmetro a instância da classe RequestSecurityToken (RST), que parametriza alguma ação exposta pelo contrato. A configuração desta classe exige informarmos o endereço da relying party que queremos acessar (AppliesTo), que determina se o STS pode ou não emitir o token para ela. Abaixo podemos visualizar o código que comentamos acima:

private const string STS_ADDRESS = "http://IsraelAeceNB2:9010/sts";
private const string SRV_ADDRESS = "http://IsraelAeceNB2:9000/ServicoDeCredito";

private static SecurityToken EmitirToken()
{
using (WSTrustChannelFactory af =
new WSTrustChannelFactory(
new UserNameWSTrustBinding(SecurityMode.Message),
new EndpointAddress(
new Uri(STS_ADDRESS),
EndpointIdentity.CreateDnsIdentity("Autenticador"))))
{
af.Credentials.ServiceCertificate.SetDefaultCertificate(
"CN=Autenticador", StoreLocation.LocalMachine, StoreName.My);

af.Credentials.UserName.UserName = "Israel";
af.Credentials.UserName.Password = "P@ssw0rd";

IWSTrustChannelContract channel = af.CreateChannel();
RequestSecurityTokenResponse response = null;

var token = channel.Issue(new RequestSecurityToken()
{
RequestType = RequestTypes.Issue,
AppliesTo = new EndpointAddress(SRV_ADDRESS)
}, out response);

return token;
}
}

Por último, e não menos importante, temos o retorno do método Issue. Ele retorna a instância de uma classe que herda direta ou indiretamente da classe SecurityToken, correspondendo ao token gerado pelo serviço de STS, caso a autentição tenha resultado com sucesso. É este token que informaremos para o serviço antes de efetuar a chamada para as operações. Opcionalmente você pode capturar a mensagem de resposta do processo de autenticação, e para isso, você pode utilizar uma sobrecarga que há no método Issue, que permite especificar através de um parâmetro de saída uma classe do tipo RequestSecurityTokenResponse (RSTR), e com isso ter acesso a informações como tempo de vida, tipo de autenticação, tipo do token gerado, etc.

Com o token gerado, agora nos resta passá-lo para o serviço, para que o mesmo o utilize para permitir a execução da operação que desejarmos invocar. Para a criação do serviço, vamos também recorrer à uma factory, definindo em seu tipo genérico o contrato do serviço. Em seu construtor, passamos a instância do binding WS2007FederationHttpBinding, que permite dialogarmos com um serviço que suporta este tipo de autenticação (via STS). Além dele, ainda é necessário informarmos o endereço até o serviço, assim como já fazemos quando desejamos invocar qualquer serviço WCF. Depois deste objeto criado, precisamos configurar alguns parâmetros que são necessários para estabelecer a ligação entre o cliente e o serviço.

Essas configurações estão todas concentradas na propriedade Credentials, que é exposta pela classe ChannelFactory<TChannel>. Só que antes de analisar as propriedades que ela fornece, precisamos entender o comportamento deste binding. Como ele exige um token para enviar ao serviço, é necessário informarmos ele antes de efetuar a requisição para qualquer operação. A propriedade SupportInteractive tem a finalidade de exibir ou não a tela do Windows Cardspace, solicitando que o usuário informe este token. No cenário deste exemplo, o token já foi emitido, devido a uma solicitação explícita ao serviço de STS, e justamente por isso, devemos evitar que essa tela seja exibida, definindo-a como False.

Em seguida, especificamos a chave pública que foi fornecida pelo serviço, garantindo que a mensagem que chegará para ele venha devidamente protegida. A propriedade CertificateValidationMode se faz necessária porque precisamos desabilitar a validação do certificado, já que ele foi criado apenas para testes. Para finalizar a configuração, invocamos o método de estensão chamado ConfigureChannelFactory, que é fornecido através da classe ChannelFactoryOperations, que por sua vez, está debaixo do namespace Microsoft.IdentityModel.Protocols.WSTrust.

Essa classe ainda fornece mais um método (de estensão) importante para o nosso exemplo, que é o CreateChannelWithIssuedToken. Este método recebe como parâmetro a instância de um token, que é representado pela classe SecurityToken, que criamos no passo acima, retornando o proxy de comunicação com o serviço. É neste momento que informarmos ao serviço o token que será utilizado para efetuar a chamada para as operações dele. O código abaixo ilustra toda essa configuração, incluindo as chamadas para as operações expostas pelo serviço.

private static void InvocarServico(SecurityToken token)
{
using (ChannelFactory<IConsultasFinanceiras> sf =
new ChannelFactory<IConsultasFinanceiras>(
new WS2007FederationHttpBinding(),
new EndpointAddress(
new Uri(SRV_ADDRESS),
EndpointIdentity.CreateDnsIdentity("Servico"))))
{
sf.Credentials.SupportInteractive = false;
sf.Credentials.ServiceCertificate.Authentication.CertificateValidationMode =
X509CertificateValidationMode.PeerTrust;
sf.Credentials.ServiceCertificate.SetDefaultCertificate(
"CN=Servico", StoreLocation.LocalMachine, StoreName.My);
sf.ConfigureChannelFactory();

var channel = sf.CreateChannelWithIssuedToken(token);
channel.DefinirNovoLimiteDeCredito(10, 1000);
Console.WriteLine(channel.RecuperarLimiteDeCredito(1000));
}
}

Como podemos notar no exemplo acima, a chamada para o serviço está totalmente independente do modelo de autenticação. Tudo o que precisa fazer é informar o token gerado pelo STS, sem ter ideia de como a autenticação foi realizada. Amanhã, o modelo de autenticação exigido pelo STS muda e o consumo do serviço não sofrerá qualquer alteração.

Conclusão: Neste artigo pudemos desvendar todo o procedimento que é reliazado internamente pelo WIF quando tentamos consumir um serviço WCF exige que a autenticação seja realizada por um STS. Agora coordenamos isso manualmente, o que nos dá certa flexibilidade, como por exemplo, em um ambiente passivo, evitar o redirecionamento para o STS para autenticar o usuário, onde poderíamos fornecer uma página local de login, e através desta alternativa, consumir o STS requisitando a emissão do token e, consequentemente, reutilizar o token durante toda a sesão do usuário.

Israel Aéce

Israel Aéce - Especialista em tecnologias de desenvolvimento Microsoft, atua como desenvolvedor de aplicações para o mercado financeiro utilizando a plataforma .NET. Como instrutor Microsoft, leciona sobre o desenvolvimento de aplicações .NET. É palestrante em diversos eventos Microsoft no Brasil e autor de diversos artigos que podem ser lidos a partir de seu site http://www.israelaece.com/. Possui as seguintes credenciais: MVP (Connected System Developer), MCP, MCAD, MCTS (Web, Windows, Distributed, ASP.NET 3.5, ADO.NET 3.5, Windows Forms 3.5 e WCF), MCPD (Web, Windows, Enterprise, ASP.NET 3.5 e Windows 3.5) e MCT.