Business - ERP

O JAVA presente no universo ERP – Parte I de II

Neste primeiro artigo, vou pedir licença aos amigos amantes de código fonte para expor e explorar um pouco do mundo dos sistemas integrados ERP...

por Eduardo Fabricio da Cruz



I. Introdução

Neste primeiro artigo, vou pedir licença aos amigos amantes de código fonte para expor e explorar um pouco do mundo dos sistemas integrados ERP, entendo que este passo inicial servirá com uma pilastra para formar os argumentos de sustentação da base de conhecimento, para posteriormente dissertarmos sobre a tecnologia e a lógica que está por detrás deste mundo, e ademais disto mostrar as oportunidades que hoje são realidades pouco conhecidas por especialistas Java, e que podem ter neste nicho de mercado um oportunidade para alcançar bons rendimentos financeiros, e uma oportunidade singular de desenvolvimento de carreira.

A primeira vista pode parecer estranho, este tipo de colocação visto que a maioria absoluta dos artigos no site são de origem .NET, Delphi, Linux, VB, ... mas o objetivo é justamente este, tirar a blindagem dos sistemas ERP e mostrar como no caso da SAP, ela vem adotando o padrão Java em sua plataforma NetWeaver, o que nos brinda a oportunidade de conhecer um pouco mais desta tecnologia através de algo mais tangível a um número maior de pessoas, o Java.

II. JAVA em ERP?

Muitos enxergam o mundo ERP como uma ilha isolada de tudo, onde as coisas acontecem como num ecossistema independente, onde sua "imaginável" auto-suficiência em relação as demais tecnologias de mercado, transparecem um mundo não alcançável aos profissionais que não se encontram dentro deste contexto. Realmente isto nunca foi perto de ser uma verdade, os sistemas ERP"s não seriam viáveis em grandes corporações, se eles não fossem conectados aos sistemas legados, sistemas colaborativos de fornecedores e clientes, entre outros.

Mas então porque os sistemas ERP aos olhos de muitos aparecem se encontrar tão longe ou distantes de sua realidade? Podemos começar a responder esta questão quando analisarmos sobe o ponto de vista do cliente que compra um ERP. A compra de um ERP é uma das decisões mais complexa a ser tomada numa empresa, visto que o que se compra num ERP, é muito mais que um software, é uma parceria de negócio, podemos inclusive usar o termo "casamento", porque é algo que deveria perpetuar por muitos anos e ser os alicerces de sustentação tecnológica da empresa que o adquiriu.

Não podemos esquecer que estas empresas buscam principalmente através do ERP solucionar toda a complexibilidade de integração das áreas de sua companhia, isto porque a alma do ERP esta baseada na integração de seus componentes, como vendas, faturamento, compras, produção, manutenção, custos, finanças... enfim, toda a cadeia de logística, financeira e de recursos humanos; é bem verdade que em alguns casos pode ocorrer um engessamento dos processos, ainda que estas ferramentas sejam customizadas e permitam a configuração igual ou bem próximo da sua realidade e necessidades.

Quando existem lacunas entre o modelo de negócio da empresa e o ERP, essas precisam ser preenchidas, e estas soluções na maioria das vezes são buscadas dentro das ferramentas de desenvolvimento proprietárias do ERP, no caso da SAP, por exemplo, o ABAP, isto porque os altos investimentos num sistema integrado, exigem muitas vezes, na visão dos clientes, que as soluções complementares estejam dentro do ERP, como forma de garantir e proteger o investimento realizado em um sistema responsável pela função de integração, e poderíamos ir mas além porque alguns imaginam que o ERP deveria ser a solução de todos os seus problemas! Essas lacunas mencionadas ao principio, são em fato programas, relatórios e interfaces que serão necessários desenvolver para fechar os elos com entre o sistema e o negócio.

Vamos enfocar o tema interfaces, na sua maioria absoluta são elaboradas ponto a ponto (1:1), onde cada necessidade se traduz num novo desenvolvimento, não é difícil entender este conceito quando entramos no tema de integração de sistemas financeiros, como bancos, neste tipo de comunicação, ainda que o destino da informação seja o mesmo no ERP (tabelas e/ou transações), poderíamos ter necessidades de EDI diferentes para cada Banco, isto porque não podemos restringir o nosso foco unicamente nos distintos lay-out"s utilizados por cada entidade, e ir além nesta analise, até ao ponto aonde começamos a enxergar a diversidade de plataformas que convivem neste ambiente, isto é, todo um universo de servidores e aplicações diferenciadas utilizadas pela rede bancária.

Está claro que não estamos falando somente de software, mas também de hardware, e de uma necessidade de integração de todos estes componentes. Foi desta necessidade que surgiu a solução da SAP, chamada Exchange Infrastructure, mais conhecido simplesmente pela sigla XI. O XI tem justamente o objetivo de realizar a integração de sistemas heterogêneos, e é um componente do SAP NetWeaver. Neste momento estamos entrando com siglas e nomes que para boa parte das pessoas são novidades, então tratarei de ter cuidado para que não haja conflito entre os conceitos de cada componente do sistema.

Na linha que estamos seguindo até o momento, chegamos a base de sustentação desta solução, o SAP NetWeaver, e vamos destacar o que está por detrás desta tecnologia, e entender as oportunidades para desenvolvedores Java, e olha que não estamos falando nenhuma novidade, o que estou tratando de mostrar foi apresentado no Javaone 2003 em São Francisco. Nesta ocasião foi apresentado o SAP NetWeaver Developer Studio, que foi concebido baseado na ferramenta na plataforma de desenvolvimento aberto Eclipse. Esta nova solução permitiu a integração de 2 mundos, o ERP da SAP e a tecnologia Java, incluindo APIs J2EE 1.3, Java Message Service e Enterprise JavaBeans 2.

Com o SAP NetWeaver Developer Studio, criou a possibilidade de desenvolvedores Java desenvolverem e integrarem de forma simples e segura suas aplicações através de uma plataforma de classe mundial ao ERP da SAP. Podemos ainda ir mais longe e deslumbrar oportunidades na área corporativa, onde empresas interessadas em desenvolver parcerias com a SAP poderiam adaptar suas soluções de sucessos, e criar um novo canal de vendas até então desconhecido, podendo gerar demandas e oportunidades importantes de business. E as soluções desenvolvidas internas nas empresas? O proprietário do ERP também ganha algo muito importante, o poder da independência, porque eles não mais precisam ser escravos da ferramenta de desenvolvimento do ERP, para as necessidades na qual esta ferramenta não se mostrava ser flexível suficiente ou até mesmo era inapropriada; criando a possibilidade de ser desenvolvidas em Java e utilizar de toda a infra-estrutura proporcionada pelo SAP NetWeaver para garantir a integração da solução.

Para finalizar este tema, é importante ressaltar que todo o suporte ao Java é feito através do servidor de aplicação virtual da SAP (SAP Web Application Server) que conta ainda com o suporte a web services e outras aplicações Java. Outra vantagem importante está na área de conectividade, através de adapters que suportam arquitetura de conexão J2EE (Java Connector Arquiteture-JCA), mas este tema trataremos em detalhes no próximo artigo na qual voltaremos o foco ao SAP XI, e vamos entrar também em conceitos acadêmicos fazendo uma analogia no conceito de "orientação a mensagens" do XI, com o conceito de "orientação a objetos" enfatizado na Engenharia de Software, e finalizar o artigo com uma tendência e expectativas para os próximos anos.

Espero que este primeiro artigo tenha conseguido alcançar meu objetivo inicial de quebrar os paradigmas de sistemas ERP e demonstrar as oportunidades que estão abertas neste segmento com a SAP, e isto não se limita tão somente a SAP, quem tiver o interesse pode buscar informações também sobre plugins de EJB3 para Eclipse da Oracle, e pesquisar sempre. Me coloco a disposição para maiores esclarecimentos, dúvidas, criticas ou qualquer tipo de comunicação, através deste conceituado site ou pelo meu endereço eletrônico pessoal efcruz_br@hotmail.com.

Eduardo Fabricio da Cruz

Eduardo Fabricio da Cruz - Bacharel em Análise de Sistema, atualmente realizando mestrado (MBIS-Master Business Information System) pela PUC-SP. Trabalha como consultor na Holcim Brasil; líder de equipe para projetos de consultoria SAP na área de produção e qualidade dentro da América Latina; tendo já participado de 7 projetos internacionais dentro desta região. Certificado Supply Chain Management Manufacturing e Netweaver Exchange Infrastructure pela SAP, e com especialização SAP APO.