Gerência - Metodologias e Processos

Em busca do Modelo Perfeito - A visão cartesiana e a Gestão de Tecnologia da Informação

Conheça a opinião do autor sobre a busca das empresas pelo modelo de gestão perfeito.

por Daniel Alves Ribeiro Guimarães



A ciência, as descobertas, a evolução tecnológica impulsionaram o homem moderno a desenvolver uma forte tendência para a visão cartesiana do plano material. Isto é, buscar incessantemente a criação de modelos para explicar os fenômenos, para aumentar a capacidade de previsão, enfim, para saciar a necessidade de controle sobre as coisas das diversas disciplinas da ciência moderna. De certo modo, esta fase que aqui vou chamar de Fase Cartesiana, terminou por gerar uma evolução dos métodos de gestão, pois na medida em que os modelos iam sendo criados, falhas iam sendo descobertas e corrigidas por novos modelos. Assim como aconteceu na Administração Cientifica que em mais ou menos 100 anos gerou mais de 10 modelos de gestão, sendo todos considerados ideais e retificadores de modelos antecessores. Contudo, hoje se sabe que nenhum dos modelos criados foi totalmente completo ou resolveu todos os problemas de uma organização.

Para ilustrar melhor isto, vou citar o caso do escritor Michael Hammer, que através da sua constante busca por modelos de Gestão na Administração, terminou por deixar transparecer sua angústia em estar em um momento com toda convicção de que encontrou um modelo ideal e em um lapso de tempo estar pedindo desculpas aos seus leitores e assumindo que estava errado ao propor uma fórmula mágica como modelo de Gestão. Isto pode ser verificado, por meio do livro: "Reengenharia -Revolucionando a Empresa" lançado em 1993, onde o autor apresenta uma forte tendência a prescrever uma receita de gestão e em um segundo momento no seu livro " A Agenda" lançado em 2002, onde o autor já apresenta uma visão menos prescritiva e mais lúcida, um pouco mais distante do plano cartesiando. Uma das coisas que a maioria dos autores de hoje já começam a ter por regra é que não existe regra e que uma organização deve institucionalizar sua capacidade de mudança.

Na área de Tecnologia da Informação, a história começa a se repetir, cada dia surge um novo modelo de gestão. A maioria dos modelos propostos trazem conceitos consagrados da Administração Moderna como os do controle de Qualidade (Conceito introduzido fortemente nos Estados Unidos, após a assustadora constatação de perda de mercado mundial para as indústrias Japonesas no Pós Guerra) entre outros que se unem em uma repetida busca por um modelo "perfeito".

Realizando uma análise imparcial das metodologias de mercado para gestão na área de tecnologia como CMM, CMMI, COBIT, I.T.I.L e PMI entre outras vamos ter a visão de que: CMM, CMMI, são fortes em soluções na área de desenvolvimento; COBIT é bem estruturada em nível de auditoria; I.T.I.L, abrange mais a área de Infra-Estrutura e Relacionamento; PMI, é bem definida em adaptar conceitos de anos atrás aos tempos modernos, como gráficos para acompanhamento de projetos, PDCA de Deming 1940 entre outras na área de Gestão de Projetos.

Vendo por este prisma fica fácil entender que não existe uma metodologia completa ou ideal para uma organização de Tecnologia da Informação. Contudo no Brasil, principalmente o setor público ainda não tem esta visão e está a cada dia gastando mais rios de dinheiro, para comprar soluções pré-fabricadas com a esperança de resolver todos os seus problemas. É muito comum certa organização governamental, se desesperar e comprar pacotes de ferramentas dos primeiros vendedores que aparecem prometendo resolver os problemas mais dramáticos, como falta de controle dos processos, falta de rastreamento, clientes insatisfeitos, falta de documentação de sistemas, entre outros, que deixa qualquer gestor político em pânico.

Contudo veja como há um grande contra-senso nisto tudo, se uma metodologia já não vai resolver por completo os problemas, diga-se lá então as ferramentas de uma metodologia.

Diferentemente das empresas governamentais, algumas grandes empresas privadas já começam a trabalhar com sistemas híbridos de modelos para gestão da área de T.I, utilizando mais de um modelo ao mesmo tempo e até mesmo desenvolvendo seus próprios modelos , baseando-se por meio de benchmarketing das melhores práticas do mercado. A IBM, por exemplo, utiliza ISO, CMM, I.T.I.L E 6 SIGMAS. A MarterCard, criou o seu próprio modelo com algumas práticas do CMM.

Contudo, esta é apenas uma evolução da Gestão na área de Tecnologia da Informação, adotar mais de um modelo ao mesmo tempo ou até mesmo desenvolver seus próprios modelos de gestão. Esta evolução também existiu na área de Administração, quando os modelos evoluíram até a fase Contingencial, onde as melhores práticas de cada escola são utilizadas conforme a necessidade.

Por meio da visão de tudo isto começo a vislumbrar uma nova evolução, uma evolução que irá surgir nos próximos anos acompanhando a forte dinâmica da área de Tecnologia . Surgirá um novo modelo de Gestão que irá permear a evolução da gestão em todos os setores, vejo a evolução para os Modelos de Modelos de Gestão. Vejo a evolução para o que chamo de "Meta Modelo de Gestão", uma estrutura de Gestão que irá institucionalizar a capacidade de mudança de uma organização, terá como foco o Cliente e que irá aproveitar todas as metodologias como meros componentes, provedores de imunidade contra as patologias dos processos. Em breve falarei mais deste "Novo Modelo".

Daniel Alves Ribeiro Guimarães

Daniel Alves Ribeiro Guimarães