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Acessibilidade - Uma Boa Idéia

Hoje em dia está muito em voga a luta pela acessibilidade, que é descrita como "Não só o direito de acessar a rede de informações, mas também o direito de eliminação de barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos."

por Ezequiel C. Blasco



Hoje em dia está muito em voga a luta pela acessibilidade, que é descrita como "Não só o direito de acessar a rede de informações, mas também o direito de eliminação de barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos." (www.acessobrasil.org.br). Desta descrição, podemos considerar como tocante a nós, profissionais de Computação, os seguintes aspectos:

    Dispositivos para Pessoas com Limitações

    Existem vários tipos de limitações possíveis, inclusive não estando totalmente correlatas a fatores de ordem biológica (tecnologia utilizada, limitações de equipamento, etc.). Mas por sua relevância, serão mostradas aqui soluções para pessoas com limitações físicas e psíquicas. São listados aqui alguns dispositivos de hardware e software para pessoas com limitações. Vamos a eles, pois.

    Ponteiro de cabeça:

    • Sensor fixo a um dispositivo em forma de capacete;
    • Permite o uso do teclado ou outro dispositivo com o movimento da cabeça;
    • Ideal para pessoas tetraplégicas ou com paralisia cerebral, mas que tenham boa mobilidade do pescoço para cima.

    Trackball:

    • Periférico comum que pode ser uma alternativa ao tradicional mouse;
    • A rotação de uma esfera voltada para cima provoca a deslocação do ponteiro do mouse;
    • Ideal para pessoas tetraplégicas com movimento residual em uma das mãos.

    Teclado Virtual:

    • Permite acionar o teclado com o mouse, selecionando a tecla emulada no monitor do computador;
    • Pode contar com predição de palavras;
    • Ideal para pessoas com tendinites, pouca força muscular, ou com paralisia cerebral (utilizando dispositivos auxiliares).

    Terminal Braille:

    • Dispositivo composto por uma fila de células Braille eletrônicas que podem reproduzir o texto presente na tela do computador.

    Impressora Braille:

    • Periférico que permite a impressão de textos eletrônicos em Braille, para leitura de pessoas cegas.
    • Pode ser utilizada de forma autônoma por cegos, uma vez que dispõe de um painel marcado em Braille.

    Leitores de Tela:

    • Capta a informação de um computador e envia-a em tempo real para um sintetizador de voz ou um terminal Braille.
    • Atualmente os sintetizadores de voz constituem parte integrante dos leitores de tela, estando presentes também nos sistemas operacionais atuais (Sam Voice, nos SO Windows).
    • Exemplos: DOSVOX, JAWS.

    Cuidados com a Acessibilidade no Desenvolvimento de Software

    Para a utilização dos facilitadores acima descritos, faz-se necessário que alguns cuidados na criação de páginas Web e de aplicativos offline sejam seguidos. Esses cuidados estão, em geral, refletidos nas diretivas da WAI-W3C. Essas diretivas são divididas em 14 itens, os quais são primeiramente aplicados em sites Web. Porém, muitos dos princípios podem ser aplicados também em softwares offline. Vamos a eles:

    1. Devem ser fornecidas alternativas ao conteúdo sonoro e visual;

    • Aplicável em: sites Web.
    • Ex.: O equivalente textual de uma imagem de uma seta para cima, que estabelece o link a um sumário poderia ser "Ir para o sumário“.

    2. Não recorrer apenas à cor;

    • Aplicável em: sites Web, aplicativos offline.
    • Ex.: Em um mapa, as legendas podem ter um equivalente alfanumérico, ou serem indicadas por meio de diferentes hachuras.

    3. Utilizar corretamente marcações e folhas de estilo;

    • Aplicável em: sites Web.
    • Ex: Usar a marcação de lista para representar uma lista e não uma marcação de parágrafo.

    4. Indicar claramente qual o idioma utilizado;

    • Aplicável em: sites Web, aplicativos offline.
    • Ex: Em HTML, utilizar o atributo "lang“ (<HTML lang=“pt"></HTML>).

    5. Criar tabelas passíveis de transformação harmoniosa;

    • Aplicável em: sites Web.
    • Ex: Em HTML, utilizar TD para identificar as células de dados e TH para identificar os cabeçalhos.

    6. Assegurar que as páginas dotadas de novas tecnologias sejam transformadas harmoniosamente.

    • Aplicável em: sites Web, aplicativos offline.
    • Ex: Considerar a compatibilidade quando utilizar novas tecnologias, como, por exemplo, ao passar o conteúdo de um site de um ambiente Web tradicional para uma conexão 3G, em um celular.

    7. Assegurar o controle do usuário sobre as variações do conteúdo

    • Aplicável em: sites Web, aplicativos offline.
    • Ex: Evitar situações que possam provocar o “piscar” do conteúdo das páginas.

    8. Assegurar a acessibilidade direta de interfaces integradas ao sistema do usuário.

    • Aplicável em: sites Web.
    • Ex: Agentes de interface (Dosvox) e ferramentas de criação devem ter condições de acessar o conteúdo da página Web.

    9. Projetar páginas considerando a independência de dispositivos

    • Aplicável em: sites Web, aplicativos offline.
    • Ex: Permitir navegação pelo teclado do computador, ou pelo painel do celular (tecnologia 3G).

    10. Utilizar soluções de transição

    • Aplicável em: sites Web.
    • Ex: Em HTML, evitar a utilização de frames cujo destino seja uma nova janela.

    11. Utilizar tecnologias e recomendações do W3C-WAI

    • Aplicável em: sites Web.
    • Ex: Preferir a utilização de HTML + CSS, ao invés de técnicas e tecnologias que não possibilitam a integração de interfaces alternativas, como leitores de tela. É o caso das páginas em Flash, páginas com o layout feito em tabelas (sem a utilização de CSS), etc.

    12. Fornecer informações de contexto e orientações

    • Aplicável em: sites Web, aplicativos offline.
    • Ex: Em HTML, utilizar o atributo "title" nos elementos FRAME.

    13. Fornecer mecanismos de navegação claros

    • Aplicável em: sites Web, aplicativos offline.
    • Ex: Em HTML, escrever "Dados sobre a versão 4.3", em vez de "Clicar aqui“ e utilizar RDF para indicar a autoria de um documento, o tipo de conteúdo.

    14. Assegurar a clareza e a simplicidade dos documentos

    • Aplicável em: sites Web, aplicativos offline.
    • Ex: Não usar a linguagem de chat para a produção do conteúdo.

    Bom, meus amigos, por enquanto é isso. Qualquer dúvida sobre acessibilidade, ou qualquer conteúdo relacionado à usabilidade, podem escrever para ezequiel.blasco[at]testanywhere.com.br.

    Abraços, e até a próxima!

Ezequiel C. Blasco

Ezequiel C. Blasco - Mestre em Ciência da Computação pela PUCRS na área de Interação Humano-Computador (IHC), com ênfase em Avaliação de Usabilidade e Acessibilidade e Sistemas de Ajuda. Possui amplo conhecimento e experiência sobre Projeto de Interfaces e Avaliação de Usabilidade e Acessibilidade, tendo participado de projetos junto ao Laboratório de Usabilidade e Acessibilidade (LUA) - PUCRS. Consultor sênior de Usabilidade da TestAnywhere - Fábrica de Testes (www.testanywhere.com.br)